Não sei contar o tempo

Como posso contar o tempo, longe de ti, não existe isso, o meu tempo não é o mesmo que o teu tempo.

A distância não existe entre nós, mas o tempo sim. Ele machuca, magoa, fere, entristece. Me deixa calada, sem perspectiva de vida.

Eu queria ir para o seu tempo, aquele onde já não existem horas nem segundos para contar. Lá é sempre dia, não existe sol, nem há frio nem há calor, o mar!

Não tem, mas lá tem, um rio de águas cristalinas, uma árvore da vida, todas as ruas são de ouro. Em um segundo, você pode ir para onde quiser.

Não há limitação, não há paredes para o barrar. Ali, onde tu estás o cheiro é de jasmim, lírio, deve haver muitos lírios, pois sinto muitas vezes os perfumes quando tu passas por aqui.

O cheiro tem sabor de céu, de suavidade, de alegria, esperança, amor, fortaleza. Te sinto quando estás aqui, você passa a mão na minha cabeça tão suavemente, depois me abraça um abraço do tamanho do mundo, é tanto amor em tua presença que sem querer soluço de saudade.

O tempo e a realidade pra ti já não existe. Todas as tardes visualizo o por do sol e te vejo sorrindo para mim. Este é o momento do nosso tempo, é a hora da mentalização, da oração. Vejo nuvens de todas as cores, parecendo flocos de algodão, voando em todas as direções, fazendo imagens, do teu paraíso de imenso amor.

Concordo contigo, meu menino, quando em suave sussurro diz pra mim:

“Aqui é tão lindo, um lugar sem fim.”

E na calma tu prossegues a tua jornada, manso e humilde, agora já não te cansas, a estrada, é tão leve tão diferente daqui.